segunda-feira, 26 de março de 2012

Belo Horizonte recebe maior mostra do cineasta Buñuel no Brasil


A capital mineira oferece até o dia 22 de abril uma oportunidade inédita no Brasil. Os 33 filmes existentes do cineasta espanhol Luiz Buñuel serão exibidos no Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes (avenida Afonso Pena, 1.537, Centro), e podem ser assistidos gratuitamente. O cineasta dirigiu 34 filmes, mas a cópia da obra “Quién me quierami”, dirigida em parceria com José Luis Sáenz de Heredia, está perdida. A mostra “Luís Buñuel, O Fantasma da Liberdade”, realizada pela Fundação Clóvis Salgado em parceria com a Embaixada da França e com o Instituto Cervantes, exibirá a maior parte dos filmes em 35 milímetros. Além da exibição de toda a cinematografia, a programação inclui, também de forma gratuita, palestras, debate, lançamento de um catálogo e um curso sobre a obra do cineasta.

Para a sessão de abertura, realizada na sexta-feira, dia 23, a obra escolhida foi “Um Cão Andaluz”, apresentada com a participação do Grupo Roble, formado por Matheus Rodrigues (contrabaixo), Lucas Viotti (acordeon), Mauro Dell’ Isola (violão) e Marcelo Corrêa (piano), que executaram ao vivo a trilha sonora do filme. Primeiro filme da carreira do cineasta, o curta metragem foi produzido em parceria com Salvador Dalí e é um marco do Surrealismo, assim como “A Idade do Ouro”, também feito em parceria com Dalí.

Após essa forte presença do surrealismo em sua primeira fase francesa, Luis Buñuel concentra-se em uma produção um pouco mais comercial (fase mexicana), quando surgem filmes que se aproximam do realismo (“Os Esquecidos”, “Susana – mulher diabólica”, “O bruto” e “O alucinado”). Em sua segunda fase francesa, no final dos anos 1960, o cineasta retorna com força ao surrealismo, o que é facilmente percebido em suas últimas produções (“O Fantasma da Liberdade”, “Esse Obscuro Objeto do Desejo”, “O Discreto Charme da Burguesia” e “O Estranho Caminho de São Tiago”).

Para Rafael Ciccarini, gerente do Departamento de Cinema da Fundação Clóvis Salgado, a mostra confirma o processo de valorização do cinema que vem sendo trabalhado pela Fundação Clóvis Salgado, pensando em políticas públicas que promovam o acesso das pessoas a uma programação variada e de qualidade. “A mostra de Luis Buñuel, com a exibição de todos seus filmes, equipara-se às maiores mostras sobre a obra de importantes cineastas feitas pelo Brasil”, disse Rafael.

Em abril, junto à exibição dos filmes, serão realizadas quatro palestras, um debate, o lançamento de um catálogo e um curso sobre as características surrealistas e os aspectos poéticos da obra de Luis Buñuel, ministrado pelo professor-doutor especialista na obra do cineasta, Eduardo Peñuela Cañizal. Gerente do Departamento de Rafael Ciccarini destacou as características comuns à obra de Buñuel como um todo. “Entre os aspectos abordados, predominam temas ligados à crítica à burguesia, à igreja e às instituições sociais, todas feitas de uma forma inteligente, não como um mero panfleto político”, explicou.

O cineasta

Considerado o principal expoente do surrealismo no cinema, Luís Buñuel (Calanda, Espanha, 1900 – Cidade do México, 1983) realizou trabalhos em parceria com Salvador Dalí e juntos se tornaram marcos absolutos do movimento. Com uma vasta cinematografia, o cineasta espanhol possui relações, diálogos e influências marcantes de outras correntes artísticas, inclusive do próprio realismo. A obra de Luis Buñuel traz consigo uma constante inquietação em relação às doutrinas, às crenças e à moral humana, chamando a atenção para as prisões que as convenções sociais podem gerar. Além de intrigantes pelos temas que aborda, os filmes de Buñuel são singulares em sua forma, ou seja, na maneira em que estes temas são articulados em imagem e som.

Fonte: PMBH

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