A festa está em sua
12ª edição e nasceu em paralelo com a criação da Sosaci – Sociedade de
Observadores de Saci que promove ações culturais para preservar o folclore
nacional. A iniciativa surgiu para impedir a invasão da cultura
norte-americana, em que as bruxas saem às ruas no dia 31 de outubro.
São Luiz do
Paraitinga foi à primeira cidade no país em que a data foi instituída em Lei
Municipal como Dia do Saci-Pererê. Hoje a data já é estadual.
“Buscamos a
valorização do rico imaginário do nosso povo. Não precisamos importar uma
cultura que é celta e fortemente difundida pelos norte-americanos, que é o Dia
das Bruxas. Quizemos imprimir uma característica brasileira, criar uma versão
original de um halloween caipira”, comenta Eduardo de Oliveira Coelho, diretor
da secretaria de Turismo de São Luiz do Paraitinga e membro da Sosaci.
A lenda conta que o
garoto de uma perna era um escravo que preferiu se livrar do pelourinho onde
estava acorrentado para ser livre, mesmo sem uma das pernas. E segundo a
crença, dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci.
“O Saci tem suas
traquinagens, assim como as bruxas. Na zona rural, ele trocava o açúcar pelo
sal, azedava o leite, fazia tranças nas crinas dos cavalos e com a devastação
da Mata Atlântica, ele invadiu a cidade e passou a esconder objetos e aprontar
com suas brincadeiras”, explica Coelho.
Público se diverte
com as diabruras
Durante os finais de
semana dos dias 24 e 25 de outubro e 31 e 1º de novembro, se reverencia o Saci
de diversas formas que envolvem moradores e turistas. “Temos shows musicais,
apresentações circenses, teatrais, oficinas e sarais que acontecem quase ao mesmo
tempo na rua, além de contadores de histórias e seminários que ressaltam a
cultura caipira e o folclore. Nas ruas há barraquinhas e tendas com artesanato
do Saci”, cita o diretor.
Mas entre as
atrações mais esperadas, está o “passeio sacilístico”, que exige certa
habilidade ou mesmo traquinagem típica do saci. Os ciclistas percorrem o Centro
Histórico pedalando com uma perna só, ou pelo menos tentam.
E não para por aí.
Com a trilha cantada “Pererê, Pererê, cadê você” os participantes se rendem à
diversão na “Saciranda”, uma brincadeira em que todos são ‘intimados’ a dar
pulos e mais pulos com uma perna só como se fossem uma dança indígena. E não
pode ser qualquer perna, apenas a esquerda, assim como o Saci. “Todos dançam
vestidos de Saci”, conta Coelho.
E os visitantes
podem viver a experiência de pular carnaval em uma perna só, na “Saciata”. “É
um bloco de carnaval em que mais de duas mil pessoas saem caracterizadas com o
gorro do saci”, descreve.
E a atividade mais
próxima da lenda, talvez por levar as crianças e adultos ao ambiente típico do
saci, é a ‘Trilha Enigmática’.
“Escondemos os
objetos do Saci dentro do Bosque Municipal e famílias inteiras seguem a
planilha e vão decifrando os enigmas com temas relacionados à festa do Saci”,
detalha Coelho.
Além dos bonecos de
saci e da decoração nas ruas do Centro Histórico e em Catuçaba, bairro de São
Luiz, a festa envolve as escolas, já que os estudantes são estimulados a
escrever cordéis, fazer redações e atividades ligadas ao personagem do folclore
brasileiro.
A programação
completa da festa está na página da Sosaci no Facebook.
A festa do Saci foi
criada em 2003 com o objetivo de valorizar e difundir a tradição oral, a
cultura popular e infantil, os mitos e as lendas brasileiras. Além disso, o dia
31 de outubro foi instituído como “Dia do Saci”, inclusive se tornando lei
estadual.
A Festa do Saci visa
observar e estudar o insigne perneta e seus companheiros, em suas diversas
manifestações, e divulgá-los por meio de textos, músicas, teatro, contação de
histórias, brincadeiras, oficinas e outras artimanhas. Busca, ao mesmo tempo,
promover e incentivar a leitura e elaboração de obras comprometidas com nossos
valores e raízes.
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