sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A FESTA DO SACI EM SÃO LUIZ DO PARAITINGA


 Foto: Benito Campos

A festa está em sua 12ª edição e nasceu em paralelo com a criação da Sosaci – Sociedade de Observadores de Saci que promove ações culturais para preservar o folclore nacional. A iniciativa surgiu para impedir a invasão da cultura norte-americana, em que as bruxas saem às ruas no dia 31 de outubro.

São Luiz do Paraitinga foi à primeira cidade no país em que a data foi instituída em Lei Municipal como Dia do Saci-Pererê. Hoje a data já é estadual.

“Buscamos a valorização do rico imaginário do nosso povo. Não precisamos importar uma cultura que é celta e fortemente difundida pelos norte-americanos, que é o Dia das Bruxas. Quizemos imprimir uma característica brasileira, criar uma versão original de um halloween caipira”, comenta Eduardo de Oliveira Coelho, diretor da secretaria de Turismo de São Luiz do Paraitinga e membro da Sosaci.

A lenda conta que o garoto de uma perna era um escravo que preferiu se livrar do pelourinho onde estava acorrentado para ser livre, mesmo sem uma das pernas. E segundo a crença, dentro de todo redemoinho de vento existe um Saci.

“O Saci tem suas traquinagens, assim como as bruxas. Na zona rural, ele trocava o açúcar pelo sal, azedava o leite, fazia tranças nas crinas dos cavalos e com a devastação da Mata Atlântica, ele invadiu a cidade e passou a esconder objetos e aprontar com suas brincadeiras”, explica Coelho.
Público se diverte com as diabruras
Durante os finais de semana dos dias 24 e 25 de outubro e 31 e 1º de novembro, se reverencia o Saci de diversas formas que envolvem moradores e turistas. “Temos shows musicais, apresentações circenses, teatrais, oficinas e sarais que acontecem quase ao mesmo tempo na rua, além de contadores de histórias e seminários que ressaltam a cultura caipira e o folclore. Nas ruas há barraquinhas e tendas com artesanato do Saci”, cita o diretor.

Mas entre as atrações mais esperadas, está o “passeio sacilístico”, que exige certa habilidade ou mesmo traquinagem típica do saci. Os ciclistas percorrem o Centro Histórico pedalando com uma perna só, ou pelo menos tentam.

E não para por aí. Com a trilha cantada “Pererê, Pererê, cadê você” os participantes se rendem à diversão na “Saciranda”, uma brincadeira em que todos são ‘intimados’ a dar pulos e mais pulos com uma perna só como se fossem uma dança indígena. E não pode ser qualquer perna, apenas a esquerda, assim como o Saci. “Todos dançam vestidos de Saci”, conta Coelho.

E os visitantes podem viver a experiência de pular carnaval em uma perna só, na “Saciata”. “É um bloco de carnaval em que mais de duas mil pessoas saem caracterizadas com o gorro do saci”, descreve.

E a atividade mais próxima da lenda, talvez por levar as crianças e adultos ao ambiente típico do saci, é a ‘Trilha Enigmática’.

“Escondemos os objetos do Saci dentro do Bosque Municipal e famílias inteiras seguem a planilha e vão decifrando os enigmas com temas relacionados à festa do Saci”, detalha Coelho.

Além dos bonecos de saci e da decoração nas ruas do Centro Histórico e em Catuçaba, bairro de São Luiz, a festa envolve as escolas, já que os estudantes são estimulados a escrever cordéis, fazer redações e atividades ligadas ao personagem do folclore brasileiro.

A programação completa da festa está na página da Sosaci no Facebook.

A festa do Saci foi criada em 2003 com o objetivo de valorizar e difundir a tradição oral, a cultura popular e infantil, os mitos e as lendas brasileiras. Além disso, o dia 31 de outubro foi instituído como “Dia do Saci”, inclusive se tornando lei estadual.

A Festa do Saci visa observar e estudar o insigne perneta e seus companheiros, em suas diversas manifestações, e divulgá-los por meio de textos, músicas, teatro, contação de histórias, brincadeiras, oficinas e outras artimanhas. Busca, ao mesmo tempo, promover e incentivar a leitura e elaboração de obras comprometidas com nossos valores e raízes.



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