sábado, 12 de maio de 2012

13 de maio: retratos da escravidão na literatura juvenil

Importante marco nas lutas pela liberdade no Brasil, o 13 de maio, data de promulgação da Lei Áurea, sofreu diversas críticas ao longo da história, seja por parte do movimento negro – que o considera uma data oficial, comprometida com a lógica "branca" da Casa Grande, e lhe opõe o 20 de novembro, dia da morte de Zumbi dos Palmares –, seja por aqueles que reconhecem quanto resta da herança escravista no Brasil de hoje, onde ainda é enorme a distância entre a população afrodescendente e o pleno gozo da cidadania. Conforme atestam as Pesquisas Nacionais de Amostragem por Domicílio (PNAD), realizadas pelo IBGE ao longo da última década, os níveis de desigualdade racial no país seguem altíssimos: a renda familiar dos brancos é 2,3 vezes maior que a das famílias negras, superioridade que se repete em outros indicadores, como escolaridade e expectativa de vida, e se inverte que se refere às taxas de mortalidade infantil, de desemprego e de participação na população carcerária, por exemplo. Diante disso, a supressão jurídica do escravismo, assinalada pelo 13 de maio, ainda tem um longo caminho a percorrer. Tal transição rumo ao reconhecimento efetivo dos direitos dos negros pode ter na literatura um poderoso aliado, mobilizando a imaginação e a sensibilidade das pessoas. A esse propósito, os jovens leitores brasileiros podem travar contato com o drama da escravidão por meio de três títulos do catálogo de Edições SM. Em primeiro lugar, o livro de poemas Navios negreiros, que reúne a versão integral de um dos mais importantes poemas da literatura brasileira, o "Navio negreiro", de Castro Alves, publicado em 1969, precedido do poema homônimo de 1854, escrito por Heinrich Heine, escritor romântico alemão influenciado pelo iluminismo francês. A reunião das duas peças propicia a reflexão sobre o tráfico de escravos visto a partir de perspectivas contrastantes: de um lado, o humor negro de Heine, que dá voz à ganância dos traficantes, preocupados unicamente com o prejuízo decorrente com a morte da negra mercadoria ("Consigo quase mil por cento/ Se só metade houver morrido"), do outro, o lirismo humanitário do baiano brasileiro, indignado com a conversão em mortalha do que o "auriverde pendão" de nossa terra, "que a brisa do Brasil beija e balança". Outro livro que trata do tema da escravidão é o álbum ilustradoA história de Chico Rei, de Béatrice Tanaka. Ícone do imaginário afro-brasileiro cuja história é transmitida de boca em boca desde o século XVIII, Chico é o rei africano escravizado, trazido à força para trabalhar em uma mina de ouro em Vila Rica, que, valendo-se da astúcia e do trabalho, consegue reunir recursos para libertar seus compatriotas. O álbum reconta essa história por meio de palavras e imagens, mostrando ainda como o herói inspirou outras manifestações artísticas, como um balé com argumento de Mário de Andrade e música de Francisco Mignone, além de um samba-enredo do Salgueiro e um poema de Cecília Meireles, ambos incluídos no volume. Por fim, abordando o problema do tráfico para além das coordenadas brasileiras, temos o romance juvenil A lenda de Taita Osongo, do jornalista e escritor cubano Joel Franz Rosell. Ambientado em Havana, na época das grandes navegações, o romance narra as aventuras do ganancioso marinheiro Severo Blanco. Ao escravizar um poderoso feiticeiro negro Taita Osongo, ele recebe uma maldição que faz com que sua filha, apaixonada por um escravo, insurja-se contra o pai. A história é entrecortada por imagens do premiado ilustrador brasileiro Fernando Vilela. Por intermédio dessa amostra que reúne poesia e prosa, misturando autores nacionais e estrangeiros de diferentes épocas, o leitor adolescente mergulha de cabeça e coração no drama desses homens desenraizados e submetidos, percebendo como o princípio da igualdade continua a demandar validação prática, inspirando lutas no Brasil e no mundo. Título: Navios Negreiros Autores: Castro Alves e Heinrich Heine Organizadora: Priscila Figueiredo Tradutores: Priscila Figueiredo e Luiz Repa Ilustrador: Maurício Negro Número de páginas: 80 Formato: 13,8 x 20,8 cm Preço: R$ 31,00 Indicação: Leitor crítico (a partir de 12/13 anos) ISBN: 978-85-60820-33-7 Coleção: Comboio de corda/ Poesia Título: A história de Chico Rei Autora e ilustradora: Béatrice Tanaka Número de páginas: 64 Formato: 27,5 x 20,5 cm Preço: R$ 32,00 Indicação: Leitor fluente (a partir de 10/11 anos) ISBN: 978-85-7675-597-5 Coleção: SM/ Livros ilustrados Título: A lenda de Taita Osongo Autor: Joel Franz Rosell Tradutor: Heitor Ferraz Mello Ilustrador: Fernando Vilela Número de páginas: 112 Formato: 12 x 19 cm Preço: R$ 28,00 Indicação: Leitor fluente (a partir de 10/11 anos) ISBN: 978-85-7675-156-4 Coleção: Barco a Vapor (série laranja) Fonte: Brandpress

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