quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Os tablets e a revolução da educação

Por Alessandro Fonseca, gerente territorial sênior de Digital Publishing Suite para a América Latina da Adobe Systems Ainda me lembro da época de escola quando ganhei um dos poucos apelidos que tive ao longo de toda a minha vida: Explicado. Muitos que já passaram dos 30 anos de idade sabem que me refiro àquele personagem que gostava de “tudo explicadinho nos mínimos detalhes”. Extremamente curioso por natureza, fazia pouco ou nenhum sentido memorizar uma fórmula sem entender sua utilidade na vida prática, em que contexto histórico aquele conjunto de conhecimento havia sido criado e que grande problema da vida real havia resolvido. Também achava estranha a ladainha de que a escola deveria nos preparar para a vida e o mercado de trabalho, mas avaliasse somente nossa capacidade de memorizar dados, que quase sempre eram esquecidos no dia seguinte, afinal tínhamos de preencher a memória com a matéria da próxima prova, certo? Hoje observo todos os recursos tecnológicos e me entusiasmo ao pensar em todas as possibilidades – às vezes dá até vontade de voltar à escola! O professor deixou de ser o detentor do conhecimento e ponto focal da aula, e o conteúdo está assumindo sua digna e merecida posição de Rei. Na verdade o professor se encontra numa posição mais vulnerável à medida que os alunos estão equipados com seus smartphones e podem validar tudo o que é dito com a ajuda de seus aparelhos. Porém, o dispositivo que está revolucionando a maneira como os nossos filhos e netos aprenderão é o tablet e, com ele, a possibilidade de que todas as mídias sejam reunidas numa experiência única e contínua: é possível ler um texto sobre como as abelhas se organizam em comunidades, e explorar os sons de uma colmeia, assistir a um vídeo sobre o processo de polinização e manipular e girar uma imagem em 3D da colmeia. Pesquisar a importância econômica da produção de mel, suas propriedades nutricionais e químicas e situar a domesticação das abelhas no momento histórico e econômico em que a humanidade deu esse passo. Além disso, também é possível analisar os microclimas nos quais cada raça de abelhas melhor se adapta. Espere aí: biologia, química, história e geografia juntos? Transdiciplinaridade de verdade? Eureka! Imagine ainda jogos e outros objetos de aprendizagem desenhados para permitir que os alunos brinquem com as informações e alterem variáveis para simular diferentes cenários; exercícios, provas e ferramentas online, tudo ali, no mesmo dispositivo, na ponta dos dedos. O conteúdo passa a ser o eixo central a partir do qual acontecem as interações na sala de aula, permitindo que alunos e professores colaborem em tempo real e produzam conteúdo adicional como resultado das dinâmicas dentro e fora do ambiente escolar. Professores poderão, a partir de uma interface na web ou no dispositivo, trabalhar em um banco de objetos composto de imagens, vídeos, textos, jogos, etc., e construir suas aulas ou ainda preparar um capítulo personalizado para um aluno com dificuldades de entender um conceito ou matéria. No dia a dia os professores terão à mão perguntas e exercícios relacionados ao conteúdo explorado com os alunos em sala de aula, e distribuirão aos tablets em diferentes momentos, permitindo que o educador visualize gráficos na tela do seu tablet e tenha um termômetro da quantidade de informação que está efetivamente sendo interiorizada pelos alunos e transformada em conhecimento. Apesar de parecer roteiro de filme de ficção científica, a tecnologia para que a educação dê esse salto já existe, e está sendo implementada na Coréia do Sul, que tem o ambicioso plano de substituir todos os livros-texto impressos por suas versões digitais em tablets até 2015. No Brasil, o Ministério de Educação também trabalha em um plano para integrar tablets à sala de aula, inicialmente com a compra de 600 mil dispositivos para professores da rede pública. Universidades e escolas privadas também passaram a adotar esse dispositivo. Se considerarmos que a curva da evolução e adoção de novas tecnologias é exponencial, em pouco tempo seremos testemunhas de uma verdadeira revolução na maneira como educamos nossas crianças e integramos as áreas de conhecimento em um currículo interconectado, estimulante e desafiador e, com sorte, outros alunos curiosos como eu ficarão livres de apelidos.

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